sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Eufemismo da desilusão amorosa

Adiar o inevitável e suavizar o que drasticamente chegou ao fim. O amor vira ódio, e em alguns momentos o convívio se torna insuportável. Viver em cárcere todos os dias. Alimentar a idéia de que tudo passa e mais cedo ou mais tarde a vida se encarregará de trocar os personagens de lugar.

Personagens esses que não tomam conta de si, vivem tentando abafar o caos interno, e a mente sussurrando em seus ouvidos aquilo que o corpo não faz. Atitude protelada, inveja, raiva, angústia contida em gotas, tomadas todos os dias e transformadas em lágrimas escondidas no escuro.

Rostos, olhos, pernas que transitam ao relento. Imaginação. A vida dividida em blocos que se desintegram, dando origem a novas formas, que no começo são estranhas, geram temor a quem observa. Agarrar o passado, a memória, o lembrete. Esquecer de si, morrer, sobreviver.

A questão discutida agora é o momento perdido. Aquele que acontece e ao mesmo tempo é forçadamente ignorado. O coração que sobe e pulsa a verdade o tempo inteiro. A cabeça que dói, a testa que franze, as sobrancelhas que se juntam. Petrificação.

Tudo pintado de cor-de-rosa, estampado com sorrisos e declarações de amor. Como se nada tivesse acontecido, dois cegos andando em círculos, tentando abrandar a dor que vem. Que vai chegar. Não adianta.